Auto-estima
Nem mesmo o Aurélio – o tão famoso Pai dos Burros – conseguiu defini-la a contento. Botou lá onze palavrinhas para tentar explicar algo que nem Freud – outro pai de filha famosa – conseguira com tão poucos termos. Quem a tem sabe da sua importância; quem nunca a teve, a reconhece quando encontra alguém de posse dela.
O fato é que auto-estima é tudo. Ou pelo menos a base de tudo. Outro dia, a caminho do trabalho, vi um homem guiando uma carroça-de-burro – ou o que restava de uma. Sem camisa, olhar alheio ao trânsito (talvez esperando que o pobre do animal fizesse as vezes de guia), seguia atrapalhando o trânsito, sem se preocupar com os carros que buzinavam atrás de si. Estava, usando um linguajar vulgar, cagando e andando para os motoristas. Ele e o burro, que ia deixando bolotas-candidatas-a-estrume ao longo do asfalto. Pouco se importava com os importados buzinando horrores.
O ápice de tudo era uma placa afixada na traseira da carroça, a prova máxima da auto-estima do carroceiro. Não me inveje, trabalhe, dizia o texto, com erros gramaticais e tudo. Claro! Se o Aurélio, que entendia do riscado, dedicou menos de uma dúzia de palavras para definir o que o carroceiro tinha de sobra, por que ele, carroceiro, iria se preocupar com a língua? E outra: o Aurélio pode ser até o Pai dos Burros, mas não do dele, comprado com o seu próprio suor. Padrasto do burro vá lá. Pai, jamais.
Estava lá, orgulhoso do veículo puxado por menos de um cavalo – sim, porque burro deve valer menos de um cavalo – enquanto os demais motoristas, com seus importados puxados por uma centena deles, tinham que esperar na fila o desfile do Senhor Auto-Estima.
O fato é que auto-estima é tudo. Ou pelo menos a base de tudo. Outro dia, a caminho do trabalho, vi um homem guiando uma carroça-de-burro – ou o que restava de uma. Sem camisa, olhar alheio ao trânsito (talvez esperando que o pobre do animal fizesse as vezes de guia), seguia atrapalhando o trânsito, sem se preocupar com os carros que buzinavam atrás de si. Estava, usando um linguajar vulgar, cagando e andando para os motoristas. Ele e o burro, que ia deixando bolotas-candidatas-a-estrume ao longo do asfalto. Pouco se importava com os importados buzinando horrores.
O ápice de tudo era uma placa afixada na traseira da carroça, a prova máxima da auto-estima do carroceiro. Não me inveje, trabalhe, dizia o texto, com erros gramaticais e tudo. Claro! Se o Aurélio, que entendia do riscado, dedicou menos de uma dúzia de palavras para definir o que o carroceiro tinha de sobra, por que ele, carroceiro, iria se preocupar com a língua? E outra: o Aurélio pode ser até o Pai dos Burros, mas não do dele, comprado com o seu próprio suor. Padrasto do burro vá lá. Pai, jamais.
Estava lá, orgulhoso do veículo puxado por menos de um cavalo – sim, porque burro deve valer menos de um cavalo – enquanto os demais motoristas, com seus importados puxados por uma centena deles, tinham que esperar na fila o desfile do Senhor Auto-Estima.
This entry was posted on 4 de dezembro de 2006 at 6:38 PM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
# by Denise - 10:59 PM
Boa essa!Gostei. São os humildes e sábios que herdarão o reino de Deus. Fez-me lembrar de uma poeira nos olhos, tão insignificante e tão poderosa!
abraço, garoto
# by Carlos Nealdo - 9:12 AM
Seja benvinda, Denise!
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