Duro de Matar

Estou de volta. E admirando a capacidade do ser humano de ressurgir das cinzas. Nem que seja queimado. Há alguns meses, os profissionais da Tribuna de Alagoas – jornal em que trabalhei por onze anos – vêm passando por uma séria difilcudade financeira por falta de compromisso dos que se diziam donos do matutino. Com o fechamento, todos os que trabalhávamos lá nos vimos num mato sem cachorro. Por isso nem cachorro a grito a gente tá matando. Para piorar a situação – porque desgraça só anda acompanhada – muitas outras coisas aconteceram comigo nesse meio tempo, inclusive perder a senha deste blog, que só consegui recuperar meses depois, após travar uma briga virtual com a adminstração do espaço. Recentemente, fiquei doente dos olhos. No auge da crise, arrumei dinheiro emprestado e fui a um oftalmologista. Ele disse que eu tenho fungo. Eu não entendi. Mas ele me explicou que eu estou com Síndrome do Olho Seco, um nome chique para uma doença provocada pela umidade de lençóis, roupas e outros tecidos mofados. E o que mais tem na minha casa é tecido mofado. Nem sei se posso chamá-la de minha, porque tenho alguns dias para devolvê-la. Na verdade, estou tentando resolver um problema de cada vez. Como diz Jack, o Estripador: é melhor ir por partes. Sem perspectiva de outro trabalho, fui vender alguns livros pra conseguir dinheiro pra comer. Aproveitei e comprei material de limpeza, porque pretendia passar a noite fazendo uma faxina na mofolândia. Sobraram R$ 5,50, que deu justamente para comprar uma comida chinesa no supermercado. Mas quando me sentei pra almoçar, me lembrei que era dia de reunião no novo trabalho. Então guardei a comida na mala do carro e corri desesperado. Infelizmente, cheguei no fim da reunião, tropecei na sala e todos notaram a minha presença. Não pelo que valho, mas pelo tropeção. Bom, pelo menos acho que a partir de agora serei mais notado. Há males que vêm para o bem, já dizia o populacho. Afobado, naquele dia me esqueci de almoçar e somente várias horas depois é que me lembrei da quentinha na mala do carro. "Tem nada não. Se ainda estiver prestando, a chinesa vai ficar para o jantar", pensei. Sem dinheiro, não poderia desperdiçar alimento. Aliás, teve época em que miojo lá em casa dava pra três refeições. Estava aproveitando até o caldo pra fazer sopa. Ponho uma cebola cortada em cubos, decoro o prato com folhas de hortelã e tenho uma Potage de Miojè. Estou pobre, mas não perco a pose. Nesse meio tempo, os preparativos para o lançamento do meu livro estavam correndo normalmente, mas confesso que tive medo de não melhorar dos olhos até o dia previsto. Cheguei a pensar em autografar a obra em braile. Na agência em que trabalho as coisas estão indo bem, eu acho. Minha irmã de 13 anos me ensinou uma mágica besta e cheguei ao trabalho repetindo-a. A Mágica dos Dedos – como foi batizada por mim – foi um sucesso na agência. Tanto que eu tive que repeti-la para umas cem pessoas, porque todo cliente que chegava, o Marcos o levava na sala de Arte pra eu fazer a mágica. Passaram a manhã toda tendo crise de riso. O Marco quase morre, mas eu disse a ele que não morresse antes de passar uma ações da Six pra mim. Ele ressuscitou. Por isso amanhã continuarei pobre e tal qual o vagabundo Carlitos, terei de matar alguns leões para conseguir atravessar o dia. Mas eu sei que Deus me dará os instrumentos e a batalha será moleza...

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    # by Anônimo - 8:10 PM

    Ah, ah, só você mesmo pra descrever com tanto humor uma situação dificil. Espero que o livro faça o maior sucesso. Ah, e como é a mágica dos dedos? É impróprio para menores ou pode dizer aqui, kkkkk!
    Sucesso que você merece!
    abraço, garoto