Coisas que não entendo

QUANDO A GENTE FAZ ANIVERSÁRIO, os amigos cantam que está na hora de apagar as velinhas. E quando a gente morre, as velinhas são as primeiras a serem acesas. (Velinha é forma de dizer, porque tascam uma vela de sete dias como se o camarada fosse ficar ali parado por 168 horas). Se a chama significa vida, por que apagá-las quando se comemora a vida e por que acendê-las quando se fala de morte?
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Depois de ouvirem um “eu te amo”, algumas pessoas costumam dizer que “a recíproca é verdadeira”, como se tivessem vergonha de falar “eu também te amo”. (A bem da verdade, eu acho a palavra recíproca horrível para substituir a beleza de um gesto máximo que é confessar o amor sentido). “Recíproca” é parelha ao “idem”, que algumas pessoas usam – talvez por preguiça ou distanciamento – quando ouvem um “boa noite” ou “gosto de você”. Aliás, na língua portuguesa, recíproca e idem são idem. Ou seja: a mesma coisa.
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Não me interessa saber como surgiu o universo. Nem sei porque as estrelas piscam, ora em prosa, ora em versos. Buraco Negro? Desconheço qualquer teoria – para mim, aquilo ali não passa de magia, nêga. Não sei porque os raios caem duas vezes no mesmo lugar. Seja aqui, na China, no Canal da Mancha ou do Panamá. Não entendo a matemática do Quadrado da Hipotenusa. Nem a quantidade de silicone nos seios da Danuza. Ou o mistério que há no cabelo de Medusa. Mas confesso com profunda dor: queria entender porque as pessoas não se olham num elevador.

  1. gravatar

    # by Anônimo - 10:56 AM

    Li todo o seu blog no final de semana.

    Anônima