Perfeito para a sua vida?


Empresários brasileiros – em especial os alagoanos – são, em sua maioria, equivocados. Quase nenhum se dá conta de que o maior bem de uma empresa não é o produto que ela vende, mas o atendimento que é oferecido. Produtos iguais existem aos montes – na empresa A, B ou C –, principalmente num mercado em que a concorrência é cada vez mais acirrada. O bom atendimento, ao contrário, é artigo raro, e quase ninguém dispõe aqui em Alagoas. Sai na frente quem se der conta disso. Infelizmente, nossos empresários pensam pequeno – quando pensam. Profissionais de diversos setores de serviço mal sabem se expressar, quanto mais atender bem. A maioria acha que está fazendo um favor ao cliente, quando na verdade deveria pensar o contrário: o cliente é que está fazendo um favor àquela empresa, ao comprar o produto nela. Exemplos de atendimento ruim são inúmeros por estas bandas: é o lojista que se nega a trocar peças com defeito ou o faz de cara feia; o frentista que deixa o cliente esperando por minutos sem sequer notá-lo na fila do posto; o banco que faz o cliente esperar horas diante do guichê; o cobrador que não tem 25 centavos de troco e fica por isso mesmo... Vivemos um atendimento às avessas: quando alguém é bem recebido numa empresa ou loja, espalha logo a “novidade” para um amigo, como se aquilo fosse algo de outro mundo. E em se tratando de Alagoas, infelizmente é. Enfim, todo mundo, sem exceção, tem exemplos de mau atendimento. Eu tenho vários, mas vou me deter ao mais recente. Há poucos dias precisei consertar meu carro, que andava ruim das pernas. Aconselhado por amigos, procurei uma autorizada da marca, situada na maior avenida de Maceió. Eles justificavam que é difícil encontrar mecânico de confiança etc. e tal. Um chegou a me mostrar uma pesquisa realizada em 2007 pelo Ibope para a revista Seleções, em que a profissão aparece em terceiro lugar como a menos confiável do país, perdendo apenas para os políticos – alguém tinha alguma dúvida? – e corretores de imóveis. Deixei meu carro na loja, relatei os problemas e fui embora, ligando no dia seguinte para pedir o orçamento – um direito de todos. O rapaz que me atendeu alegou que não poderia fazer isso porque o fax da empresa estava quebrado, o que não me convenceu. Numa era em que a comunicação se dá por diversas mídias, alegar quebra de fax para não passar um orçamento é tão convincente quanto dizer que Michael Jackson não fez cirurgia plástica. O orçamento só me foi passado porque usei de influência. Eu não. Um amigo, que depois de saber da minha odisséia, ligou para o gerente da empresa, que é seu amigo. Se não fosse isso, provavelmente meu carro ainda estaria quebrado. Passado o primeiro obstáculo – e consertado o veículo – voltei à empresa para apanhar o carango (sei, a gíria é antiga, mas está valendo). Fiz o pagamento à vista – num valor que me custou os olhos da cara –, e fui lamber minha cria, que já me causava saudades. Mal examino o veículo, percebo um arranhão enorme no pára-choque traseiro. Fiquei chocado. Fui mostrar para o atendente que havia um problema com o carro. “E agora?” – foi a resposta dele, num total despreparo para a função. “Agora a empresa tem mais um problema pra resolver”, emendei. O que me deixou transtornado não foi o arranhão em si, mas o fato de que se eu não tivesse percebido, iria embora da loja lesado. E depois que saísse de lá, seria impossível saber onde o carro “ganhou” aquela marca do Zorro no pára-choque. Lembrei logo da pesquisa do Ibope (se eu for consultado na próxima edição, provavelmente os mecânicos descerão no ranking). Naquele momento, foi pura má-fé de alguém que quis pregar um “se colar, colou” em mim. Em qualquer bom atendimento, eu teria recebido um grandessíssimo pedido de desculpas. Aconteceu o contrário: fui tratado como um idiota – “ah, vamos empurrar o carro nele assim mesmo, se colar, colou”, devem ter pensado – mesmo pagando uma fortuna pelo conserto. A questão é: essa má fé partiu do funcionário ou o “ambiente” da empresa prega isso? E o que tudo isso significa? Lamentavelmente, que empresários brasileiros – em especial os alagoanos – são, em sua maioria, equivocados.

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    # by Anônimo - 10:07 PM

    É como aquele ditado, Necs: "Apaixonado por carro como todo brasileiro!" Procon neles!!!

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    # by Carlos Nealdo - 10:29 AM

    É, meu amigo Kelmenn, seria bom que todo mundo recorre ao Procon. Infelizmente, poucos o fazem...

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    # by Anônimo - 5:45 PM

    Mas isso foi um tapa de mau humor!!!

    Patrícia Bastos

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    # by Carlos Nealdo - 7:12 PM

    Ô, Pat, o pior é que foi mesmo. Por isso - e para evitar que outras pessoas recebam a mesma pancada - não recomendo ninguém a deixar o carro onde eu deixei.

    Valeu pela visita.

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    # by Anônimo - 12:40 AM

    Estamos fodidos, meu amigo. Como dizia o nosso mestre Graça sobre Alagoas: "Bom lugar para fazer um golfo!"