Roupa Suja se Lava em Casa
Cresci ouvindo os mais velhos dizerem que homem na cozinha só atrapalha. Nunca entendi direito o recado, até porque conheço homens que são excelentes cozinheiros. O que atrapalha, de fato, é a tecnologia com que se cercou a dona-de-casa nos últimos tempos. Fico impressionado como tudo agora se resolve com um simples apertar de botão. E me impressiono mais ainda é como os homens nunca sabem qual é o botão certo.
Nesse quesito, concordo com um amigo meu – viciado em TV – ao afirmar que a única tecnologia que o homem domina de verdade é a do controle-remoto do televisor – se bem que conheço um cigano que já faz leitura ótica de mão. Tudo muito rápido e prático (para ele, fique-se claro, porque os seus clientes reclamam que ele sequer decifra a linha da vida, embora ela rebata dizendo que na era digital, leitura manual é coisa do passado).
Percebi a ignorância do homem no tocante ao uso da tecnologia quando precisei usar a máquina de lavar roupas. Nunca sequer havia sido apresentado a tal instrumento. Mas já tinha ouvido falar muito bem dele, através de um belo anúncio. “Para quem detesta dirigir tanque”, dizia o reclame. Como jamais me imaginei manuseando uma máquina, não levei o anúncio muito a sério. Só me lembraria dele muito tempo depois, no momento em que tive necessidades de lavar roupas.
No início achei tudo muito fácil. Estavam lá as instruções: como pôr o sabão em pó, amaciante e as roupas, óbvio. O manual só não deixava claro a hora exata de colocar cada um desses itens. Cheguei a ligar para algumas amigas, mas desisti porque cada uma deu uma explicação diferente. Depois me toquei que nem todas as máquinas são iguais. Nem todas as amigas (mas não vou fazer lavagem de roupa aqui).
Então decidi eu mesmo tentar, a minha maneira. Comecei seguindo as instruções, e a cada minuto que passava ficava ansioso para saber o resultado. Cheguei a me ver indo trabalhar todo desbotado. Eu não, minhas roupas. Ou multicolorido, dependendo da mistura que se processava lá dentro.
Estava indo tudo muito bem até eu achar que a máquina havia travado. Tive “certeza” quando, depois de abri-la, vi tudo muito quieto lá dentro. Então decidi reiniciar o processo: mais sabão, amaciante... Depois, um simples aperto de botão. Para não ficar na ansiedade, decidi dar uma saída, fazer um lanche por perto e voltar algumas horas depois.
Quando retornei, vi que o negócio tinha funcionado. Aparentemente. As roupas, pelo menos, estavam com uma “cara” ótima. Não havia mais nada a fazer, a não ser tira-las da máquina e estende-las no varal.
No outro dia, fui analisar o resultado, já depois das roupas secas. Acho que a única coisa que não funcionou bem foi o amaciante, uma vez que o tecido das peças estava um tanto duro. De resto, tudo certo.
O único incômodo é que quando saio na chuva as roupas que uso ensaboam, e há quem diga que delas se desprendem algumas bolhas.
This entry was posted on 6 de julho de 2005 at 8:34 AM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
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