Unha de Fome
Confesso que ando sem inspiração. Acontece de vez em quando. Não sei se é assim com todos, mas algumas vezes a minha imaginação fica assim, amuada, sem querer dar sinal de vida, escondida sabe-se lá onde, como se desejasse me matar na unha. E às vezes consegue.
Antes de começar a escrever, tentei ligar para uma amiga na expectativa de encontrar algum assunto, mas a pobre estava mais preocupada com a unha que acabara de quebrar.
- Você sabe por quanto tempo tentei preservar as minhas unhas perfeitas? – disse-me – Portanto, tenho mais com que me preocupar – e desligou o telefone na minha cara. Descaradamente.
Estava novamente na estaca zero, porque de unha, confesso, só entendo de beliscão. Os que levo, para ser exato. A solução seria então pesquisar. Foi quando descobri que as unhas são feitas de uma proteína chamada queratina – a mesma encontrada em cascos de cavalo, esporões de pássaros, penas e chifres de boi.
Mas pela reação da minha amiga, essas informações pouco importam quando se está diante de uma unha quebrada. Na verdade, quando isso acontece algumas mulheres reagem com a fúria de um cavalo, querendo fugir feito pássaro ou com vontade de dar chifrada no primeiro indivíduo que lhe apareça à frente.
Quebrar uma unha, para uma mulher, significa cortar as outras nove – no caso de mulheres com dez dedos – porque, detalhistas que são, não se conformam com nove unhas perfeitas e um arremedo sobressaindo-lhes em um dos dedos.
Cultivar unhas intactas é uma arte que as mulheres tentam agarrar com unhas e dentes. Mais com unhas do que com dentes. Prova disso é que bastou conversar com algumas para confirmar a teoria.
Uma, metida a cientista, debulhou um rosário com todas as informações que possuía:
- As unhas das mãos crescem um centímetro a cada 28 dias, quatro vezes mais rápido do que as unhas do pé. As unhas da mão direita crescem com mais velocidade que as da mão esquerda...
A partir daí concluí que, se preservadas simultaneamente, as unhas de uma de suas mãos são maiores do que as da outra. Portanto, nem as mulheres são perfeitas, como eu imaginava.
- Considerando-se mãos e pés, cada pessoa corta, no decorrer da vida, em torno de 58 metros de unha – disse-me a “cientista” – Mas o Zé do Caixão não faz parte da regra.
- Na verdade, estou pouco me lixando para essas informações - tentei lhe dizer.
- Eu me lixo sim. Principalmente as unhas.
This entry was posted on 28 de julho de 2005 at 6:30 PM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
Postar um comentário