Aqui Nesta Mesa de Bar

Sejamos honestos. Confesso que não entendo porque as mulheres não gostam que os homens saiam para beber. Não entendo principalmente porque o hábito é uma atitude extremamente solitária. Tão solitária quanto ler jornal velho no banheiro em plena madrugada.

Para as preocupadas de plantão, um aviso: não há o que temer quando seus homens se reunirem para beber. Principalmente se o motivo da reunião for a partida de futebol do seu – dele, porque sei que vocês não gostam desse tipo de esporte – time favorito.

Avisos do tipo “vou beber com os amigos” ou “vou assistir ao jogo do Flamengo com a turma”, se forem verdade, não constituem perigo algum. Quem duvidar que faça o teste, acompanhando seus respectivos maridos a uma dessas “aventuras”, em que não se fala coisa com coisa.

Não há imagem mais ridícula do que um bando de homens assistindo jogo em mesa de bar. Todos com as atenções voltadas para a televisão, as cabeças ridiculamente levantadas – porque, para que todos possam ver o jogo, irremediavelmente a TV estará disposta bem no alto da parede – e o silêncio arrebatador em volta da mesa.

De vez em quando, o mais eloqüente levantará a mão e fará sinal para o garçom – levantar a garrafa também é a mais eloqüente forma de comunicação para avisar que a cerveja acabou.

No mais, não se discute nada.

Findo o jogo, a conversa limita-se a palavrões – pronunciados pelos que tiveram o azar de ver seu time perder – ou galhofas feitas pelos vencedores.

Basta o árbitro apitar o final da partida para que o menos bêbado faça um sinal ao garçom pedindo a conta. Não precisa palavra alguma. É só imitar com a mão uma assinatura para se saber que se quer pagar pelo que se consumiu.

Aliás, se há alguém versado em entender conversa de bar é garçom. E marketeiro de cervejaria, que aproveitou a falta de diálogo dos consumidores para ir direto ao ponto (“nós estamos aqui para beber ou para conversar?” – lembram?). Não é à toa que basta você levantar o indicador para que o garçom compreenda que você exige uma Brahma. Ou fazer um círculo no ar para que ele deposite, em segundos, sobre a sua mesa, a cerveja que desce redondo.

A falta de diálogo numa mesa de bar é tão absurda que nada me tira da cabeça que a Schincariol diminuiu o nome porque estava perdendo clientes. Se pronunciar Antarctica já é complicado – principalmente depois de algumas na cabeça – o que dizer então de um trabalho desses?

Senhoras bem-casadas, não há o que temer. Com exceção dos pôsteres de mulheres seminuas enfeitando os bares, a única concorrência que as senhoras terão, quando seus homens saírem às farras, será a loira gelada.

E convenhamos, loiras geladas servem exclusivamente para se beber.

  1. gravatar

    # by graziela - 5:58 PM

    que descrição interessante e bem humorada. e realista. é isso mesmo.
    obrigada pela visita. gostei do seu blog
    um abraço
    graziela