Olha Quem Está Falando
Quem me conhece sabe do meu fascínio por cinema, arte que considero a mais perfeita das ilusões. Por mim, assistiria a todos os filmes em cartaz na cidade. Me falta tempo e — principalmente — dinheiro para isso. Vejo os que posso. Outro dia, revi a comédia “Olha quem está falando”, estrelada por John Travolta e Kirstie Alley. Na fita, uma mulher é abandonada pelo namorado após contar-lhe que está grávida. Mesmo sozinha, decide ter o bebê e, no caminho da maternidade, conhece um motorista de táxi atrapalhado que acabaria se tornando babá de seu filho recém-nascido. O filme me chamou a atenção mais pelo título do que pela trama em si. E depois dos créditos finais, fiquei imaginando as coisas inteligentes que as crianças — sempre elas — costumam fazer ou dizer. (Para mim, todo pai deveria andar sempre com uma cadernetinha para anotar as frases ditas pelos pequenos. E então, quando estivesse de mal humor, com algum problema, bastaria reler as pérolas dos filhos para toda a raiva se dissipar como gás). Dia desses minha filha, vendo a mãe se aprontar para um velório, comentou a respeito da roupa que ela vestia:
— Mãe, tá tão colorida que parece que vai pro carnaval!
E como para ela, na altura dos seus quatro anos, carnaval lembra festa, emendou logo:
— Divirta-se no enterro, mãe.
Lógico que a mãe tratou logo de explicar que enterro é algo muito triste.
— Ah, então chore muito lá, tá mãe? — tratou logo de corrigir.
Conheço vários pais que se encabulam quando são surpreendidos com frases repentinas dos filhos, principalmente as que são ditas em meio a adultos. “Crianças diz cada uma!”, comentam, muitas vezes com um sorriso amarelo de constrangimento no rosto. Normalmente são pais mal humorados ou que não sabem perceber a alegria existente em cada comentário dos filhos. Confesso que me divirto. Recentemente, minha filha ganhou uma cadelinha poodle — a Lalá — recém-nascida. No primeiro dia, acordou no meio da noite porque a Lalá não parava de chorar. Apanhou a cadelinha, a pôs nos braços e foi embalá-la na cadeira de balanço, para surpresa do avô, o único a presenciar a cena.
— A Lalá não é a minha cara? — disse ela, colando o rostinho na cabeça da poodle.
Preocupada com a choradeira da cadelinha, não pensou duas vezes:
— Temos que levar a Lalá no médico para fazer um checut — sentenciou, trocando o “p” pelo “t”.
E depois, já acostumada com os lamentos da cadela, já começou a fazer planos.
— Na aniversário de um ano da Lalá quero ir fantasiada de mãe dela. Tu faz uma fantasia de cachorra pra mim? — Perguntou ela à mãe.
Fico me divertindo com essas tiradas repentinas. Mas confesso que desde então, tenho uma preocupação: como avô da Lalá, ter que pagar o mico de ir vestido de poodle para o aniversário.
— Mãe, tá tão colorida que parece que vai pro carnaval!
E como para ela, na altura dos seus quatro anos, carnaval lembra festa, emendou logo:
— Divirta-se no enterro, mãe.
Lógico que a mãe tratou logo de explicar que enterro é algo muito triste.
— Ah, então chore muito lá, tá mãe? — tratou logo de corrigir.
Conheço vários pais que se encabulam quando são surpreendidos com frases repentinas dos filhos, principalmente as que são ditas em meio a adultos. “Crianças diz cada uma!”, comentam, muitas vezes com um sorriso amarelo de constrangimento no rosto. Normalmente são pais mal humorados ou que não sabem perceber a alegria existente em cada comentário dos filhos. Confesso que me divirto. Recentemente, minha filha ganhou uma cadelinha poodle — a Lalá — recém-nascida. No primeiro dia, acordou no meio da noite porque a Lalá não parava de chorar. Apanhou a cadelinha, a pôs nos braços e foi embalá-la na cadeira de balanço, para surpresa do avô, o único a presenciar a cena.
— A Lalá não é a minha cara? — disse ela, colando o rostinho na cabeça da poodle.
Preocupada com a choradeira da cadelinha, não pensou duas vezes:
— Temos que levar a Lalá no médico para fazer um checut — sentenciou, trocando o “p” pelo “t”.
E depois, já acostumada com os lamentos da cadela, já começou a fazer planos.
— Na aniversário de um ano da Lalá quero ir fantasiada de mãe dela. Tu faz uma fantasia de cachorra pra mim? — Perguntou ela à mãe.
Fico me divertindo com essas tiradas repentinas. Mas confesso que desde então, tenho uma preocupação: como avô da Lalá, ter que pagar o mico de ir vestido de poodle para o aniversário.
This entry was posted on 30 de setembro de 2005 at 8:59 PM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
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