Soy Loco Por ti América

A vida deveria imitar a arte sempre. Melhor: a vida deveria imitar uma novela da Globo. Das oito, tipo “América”, com touro Bandido e tudo. E com direito a lágrimas postiças e má interpretação (aliás, com direito ao touro representar melhor do que nós, sem o risco de a vaca ir para o brejo no final).

Gosto da simplicidade como tudo se resolve na trama da Glória Perez. Miami só é distante para a Sol (que convenhamos, não chega a ser uma estrela de primeira grandeza). Pro resto – incluindo nesse resto taxista e dançarinas – é um pulo. Daqueles de causar inveja ao melhor praticante de bungee jump.

Para mim, o melhor ator de “América” é o touro Bandido, que nem fala mas tem uma cara de mal de causar inveja a Freddy Krueger. E contracenando com Murilo Benício, sempre esteve animal no papel, deixando o tal de Tião no chinelo. Ou, como diriam os comentaristas esportivos, sempre lhe dando o drible da vaca.

E por falar em boi, o Bandido foi um dos poucos personagens do folhetim que não acabou chifrado. Até porque era mocho. De resto, a trama de gloriosa Perez parecia festival de cornos. A Creuza, por exemplo, pintava e bordava. E o cego do Feitosa nem aí. Depois o Jabotá é que não via.

Na verdade, com algumas exceções, o nível de atores da novela é sofrível. Não entendo, por exemplo, porque a Deborah é Secco, se ela só vivia chorando. Feliz mesmo é o Marcos Frota, que interpretou seu personagem de olhos fechados.

Simples também são os relacionamentos de “América”, em que peões se envolvem com moças cultas e inteligentes com a mesma facilidade com que montam em touros mansos.

Juro que no início da trama, cheguei a pensar que tinha acionado a tecla SAP, porque personagens “americanos” estavam lá, falando o bom Português, em alto e bom som, enquanto os peões eram versado na língua de Shakespeare.

Qual lição que fica ao final de “América”? Que o bom mesmo era o Bandido. Mas que os bons não pegam ninguém no final. Nem febre aftosa.