Noves Fora Zero

Nunca fui bom em matemática. Tenho dificuldades em lidar com números. Mal sei fazer as quatro operações e se alguém começa a teorizar sobre assuntos como números primos, fujo logo porque o tema não me é familiar. Para mim, esses indivíduos são no máximo parentes de segundo grau, fruto de algum relacionamento do filho de um tio distante que eu nunca vi mais gordo. Na minha infância, cheguei a pensar que conjunto vazio fosse residencial sem morador. Com o tempo vi que era uma grande bobagem. Hoje, já adulto, sei que é inconcebível pensar em habitação como conjunto vazio. Os sem-teto não deixariam. Sei da importância da ciência para a humanidade. E por sabê-lo, acabei virando fã de figuras como Pitágoras, cuja vida tinha mais do que teor. Tinha teorema. Por um bom tempo, sonhei com a soma dos quadrados dos catetos. E de tanto tentar calcular o quadrado da hipotenusa por noites a frio, acabei pegando uma hipotermia, a Musa da Baixa Temperatura (a quem interessar possa: já fui frio um dia. Só não conseguir ser calculista). Recentemente, conversando com o Márcio – um amigo a quem elegi como irmão – tocamos num assunto que, quando criança, me fez levar alguns bolos numa palmatória grossa cheias de furos (confesso que até hoje não entendi porque era cheia de buracos. Se o infeliz que teve a brilhante ideia de criar a palmatória pensava em amenizar as dores com os tais furinhos, calculou mal). De repente, o tema voltava à tona, vindo Deus sabe lá de onde. Entre uma cerveja e outra, eis que surge a pergunta, sapecada na lata: qual a importância da operação Noves Fora? Confesso que ao ouvi-la, senti o estalo. Não no cérebro, mas da palmatória nas palmas das mãos. Lembro da ladainha da turma diante da professora de matemática tomando a tabuada. Mecanicamente, todos repetiam a cantilena: noves-vezes-nove-oitenta-e-um-noves-fora-zero. Errou? Dez lapadas de palmatória. Com os nove dentro. Passei a vida inteira com trauma de matemática. Não devido às palmadas que levei na infância, quando errava as equações. Minha angústia era justamente em não saber a utilidade dos Noves Fora. Alguém aí já ouviu falar de um prédio que foi por terra porque o engenheiro não sabia utilizar a operação dos Noves Fora na hora da construção? Ou de algum automóvel que não se movia, tinha falhas no motor porque os Noves Fora davam zero? Só conheço uma pessoa que utiliza a operação Noves Fora: técnico de futebol quando vai substituir o centroavante durante uma partida. Mesmo assim não é toda vez.

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    # by Anônimo - 12:41 PM

    Números primos não são familiares? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Essa do conjunto vazio sei não kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Tem nem como não rir. Meu Deus eu vou lendo e vou morrendo de rir kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, realmente os sem teto não deixariam. Não conheci a palmatória mas realmente, furinhos não amenizariam nada kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Poxa Neo hoje eu me acabei de rir do começo ao fim do seu post. Tive até que comentar devagarinho pra puder ir escrevendo cada pedaço (nem todos assim senão meu comentário ia dar lugar ao próximo post né) kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Pra variar, adorei. Beijão

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    # by Anônimo - 8:03 PM

    bicho, obrigado pela parte do amigo eleito como irmão. É uma honra pra mim ter um grande amigo como você. O texto, pra variar, está ótimo. Vamos marcar mais farras, quem sabe dá mais algumas crônicas e, quem sabe também, nas próximas você participa da parte do "entre uma cerveja e outra". Por enquanto você está só no "entre um guaraná quente e outro", hahahahahaha.
    Valeu!

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    # by Anônimo - 5:07 PM

    Meu amigo... Sinto-me honrada por integrar seu seleto e criterioso ciclo de amigos. O engraçado é que me sinto mais que uma amiga, eu diria, uma irmã bem próxima. Admiro-o porque consegue traduzir em letras a sensibilidade de homem, pai, amigo e outros personagens que assumir na vida. Sou fã do seu senso de humor e espírito romântico e, sobretudo, a capacidade de, muitas vezes, mesmo sangrando por dentro, externar por meio do texto o que há de melhor dentreo de vc. Amo vc, meu irmãozinho