Paixão de Homem-Bomba
Escuta, minha doce amada,
repara bem no que digo:
cansei de guerra, de luta.
Quero me casar contigo
Sangue, dores e batalhas,
deixarei tudo de lado.
Por ti renunciarei
ao pior dos atentados.
Casaremos hoje mesmo
numa mesquita do Iraque
com tudo o que se tem direito:
tu de noiva, eu de fraque.
Chega de carnificina.
Quero construir um lar
onde, enfim, nós ficaremos
para lá de Bagdá
Me desculparás, se às vezes
te parecer agressivo.
Confesso-te: a culpa é
do meu caráter explosivo.
Mas quero te esclarecer:
não é toda vez que surto.
Às vezes, claro, acontece.
É o meu pavio curto.
Faremos amor feito loucos
explodiremos em gozo.
Riremos igual menino
que vê o palhaço Bozo.
Teremos por fim um filho
e o veremos crescer
lhe ensinando, aos pouquinhos,
a ser estalo-bebê
E quando então for um jovem
será um grande destaque,
Quiçá como um grande líder,
Ou como um menino-traque.
Lhe ensinaremos a paz
cujo símbolo é a branca pomba
Nada o impedirá, no entanto
de se tornar homem-bomba
Se gostar de futebol -
Isso acontece, acredite! -
mudaremos o seu nome
pra Roberto Dinamite
Se acontecer, no entanto,
de gostar de samba ou rock,
lhe daremos uma banda
com nome de Tomahawk.
Talvez goste de cinema,
um diretor, por que não?
E fará de cara, um longa
um arrasa-quarteirão.
E quando a velhice chegar -
Alah permita que ela venha -
morreremos bem quentinhos
juntos dum fogão de lenha
E se o dever me chamar
juro que não ficarás só
Mesmo explodindo, direi
ao teu lado: enfim, pó.
This entry was posted on 15 de outubro de 2006 at 11:37 AM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
Postar um comentário