O retorno
Andei sumido, confesso. Mas assim como a Simone,voltei antes do Natal, com a promessa de não entoar nenhum hino natalino, para alegria do John Lennon, que já deve se torturar demais com as rimas da autora de Então é Natal. Porque é assim: em dezembro, a Simone é mais onipresente do que o Bom Velhinho. Nem toda loja tem Papai Noel, mas em todas, sem exceção, é possível ouvir Então é Natal. Talvez não esteja me fazendo entender. Aliás, nos últimos dias tenho me enrolado com a comunicação, apesar de trabalhar com ela. Há pouco, tentei entrar em contato com a companhia telefônica. Um robô me atendeu. Não, não estou falando daquelas moças dos gerúndios, mas de uma voz eletrônica de verdade – se é que vozes eletrônicas possam ser verdade. “Oi, você ligou para a Oi. Fale a sua opção”, saudou-me a voz robótica. “Conta”, respondi. “Desculpe, senhor. Não entendi”. “Conta. C-O-N-T-A. Conta”. “Desculpe, senhor. Poderia repetir?”. “Minha opção é discutir a minha conta”. “Ok, senhor. Aguarde um momento”. A única vantagem do diálogo entre mim e o robô-atendente é que durante o tempo em que passei ao telefone, não ouvi um gerúndio sequer. Já estava propenso a elogiar a tecnologia quando uma atendente de verdade – reconheci pelo gerúndio – tomou as rédeas da conversa. “Bom dia, senhor. Em que posso estar lhe ajudando?”. A partir de então teve início um jogo de empurra-empurra. Com ela, claro, me empurrando para outro e mais outro e mais outro atendente. Ao final de meia-hora, não resolvi o meu problema, mas ouvi o gerúndio de pelo menos quatro vozes diferentes. E no intervalo entre um e outro, a música da Simone torturando o meu ouvido. O que me alivia os tímpanos é que eu só preciso agüentar a Simone por um mês. Do contrário, seria um saco.
This entry was posted on 10 de dezembro de 2007 at 2:11 PM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
# by Denise - 11:40 PM
e o pior é a gente insistir em falar com essas moças. Puro masoquismo.
abraço, garoto
# by Anônimo - 1:36 AM
Finalmente, meu amigo! Já estava sentido falta dos seus textos. Em vez de dizer "bom revê-lo", digo: bom relê-lo.
Abraço.
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