Cena de cinema

Dê-me mil beijos e depois mais cem
Depois outros cem e depois mais mil
E novamente mil e novamente cem.
Depois, completados já muitíssimos milhares,
Revolvemo-los de modo que não saibamos
E nenhum mal possa nos olhar com inveja
Quando souber quantos beijos nos demos


Caio Valério Catulo – que não é o da Paixão Cearense, embora seus versos sejam carregados de uma intensa paixão – nasceu em Verona, ao norte da Itália, no ano de 84 a.C. Educado em Roma, começou escrevendo poemas e panfletos políticos, com sátiras a personagens da época, entre eles Júlio César. Era, por assim dizer, o Millôr Fernandes de seu tempo. Considerado por muitos como o maior lírico de sua época e de toda a literatura, compôs mais de cem trabalhos, dos quais boa parte foi inspirada pela paixão ardente por sua musa Lésbia, responsável por desenvolver nele a genialidade do pensamento. Amava-a tanto que muitas vezes entrava em conflito com ela. Vá entender os mecanismos do amor. Os versos acima, escritos para Lésbia, chegaram até mim há pouco mais de 14 anos, numa sessão noturna de cinema. Um casal os recitava, numa das cenas mais bonitas do filme. Infelizmente, já não lembro mais o nome da película. Mas posso dizer que não esqueço a companhia.

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    # by Patricia Bastos - 8:19 PM

    Que, massa, Nealdo, nunca tinha ouvido falar nesse poeta...

  2. gravatar

    # by Patricia Bastos - 8:20 PM

    Que, massa, Nealdo, nunca tinha ouvido falar nesse poeta...