O pote de ouro
Estranho os pais que conseguem passar tanto tempo sem ver os filhos. Sou fraco. Confesso que não consigo. E me dou conta disso nesse período de férias escolares, em que minha filha está aproveitando para viajar por lugares nunca antes visitados. Há algumas semanas sem vê-la, a saudade era trucidada através de telefonemas. Num destes, ela soltou: “Pai, estou roxa de saudade de você. E amanhã eu vou tá preta...”. Depois de colocarmos o papo em dia, nos despedimos com declarações de amor, como temos feito sempre. No outro dia, liguei mais uma vez para ela. “Pai, eu não disse? Estou preta de saudades de você”. Ontem, ela me ligou, informando que estava chegando de viagem e me pedindo para dormir comigo. Claro que aceitei. Saí do trabalho, corri para apanhá-la. O encontro foi intenso: abraços, beijos, conversas. Fomos colocando o papo em dia no caminho até a minha casa. Depois do jantar, nos deitamos na rede para leitura. Depois, ficamos no balanço da rede até a saudade arrefecer. De olhos fechados, ela disse, com voz sonolenta: “Pai, vamos dormir, que agora eu já tô branca”.
# by Marcela - 5:23 PM
De uma sensibilidade absurda... lindo!
# by Felipe Lucena - 2:23 PM
Muito bom! Um humor sensível. Parabéns!
# by Carlos Nealdo - 2:43 PM
Obrigado pelos comentários, Marcela e Felipe. E muito obrigado pela visita.
Um abraço!
# by Gabriel Pardal - 1:58 PM
Carlos, meu caro, brilhante esse texto. Acompanho tudo isso aqui por um distribuidor de feed, e teus poemas são de bom uso para sorrir pro sol. Veja só, eu edito um zine virtual aqui: http://paralelepipedos.tumblr.com e gostaria muito de publicar esse teu post por lá, pode ser??
# by Carlos Nealdo - 5:08 PM
Aos amigos que deixaram comentário, muito obrigado pelo tempo dispensado em ler esse texto. Continuem visitando sempre. Me deixarão muito feliz.
Pardal, fique à vontade para usar o texto.
Um abraço a todos.
# by Acássia - 10:06 PM
Oooww que bonitinho. Tal pai, tal filha. Ela herdou o degradê.
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