Assalto ao trem pagador

Não sei se foram os contatos que estive mantendo recentemente com a polícia, mas o fato é que sonhei que era um ladrão de banco no Velho Oeste. Temido por minhas habilidades e por meu animal de estimação – um macaco que havia comprado numa feira a preço de banana –, era respeitado em muitas cidades, com direito a cartazes de “Procurado” pregado em postes das velhas estações de trem. “Ele está com a macaca” era uma manchete que os jornais costumavam estampar após cada roubo. Não deixava de ser verdade, mas apenas no sentido figurado, porque meu macaco era macho sim, senhor. De modo que ele se enfurecia sempre que eu mostrava o jornal do dia seguinte. “Não ligue. Quando isso acontecer, dê banana a esses jornalistazinhos de uma figa”, eu recomendava. Com o tempo, e muito antes de usá-lo como parceiro nos roubos, descobri as habilidades do primata com bananas. De dinamite. Devia ser por conta de sua descendência com algum símio de pavio curto, imaginei. Mas tratei de tirar proveito disso. E o introduzi em cada ação que me propunha a fazer. Ele, um exímio conhecedor na arte de explodir cofres; eu, conhecedor dos planos de fuga. A última ação – o motivo do sonho – foi cinematográfica: depois de roubar um banco e fugir num trem desesperadamente, descobrimos – eu e meu amigo macaco – que estávamos sendo seguido pela polícia e pelos bandidos, que se juntaram para tentar capturar o que conseguimos, a duras penas, roubar. Cada um com sua intenção, claro. Depois de muita perseguição, os bandidos conseguiram danificar o motor do trem, o que me fez perder velocidade. Com a marcha reduzida, um deles acertou um balaço no meu ombro, me fazendo largar a direção (se é que trem tem direção). A sorte é que, metros adiante, o fim da linha dava para um penhasco gigantesco. Sorte? Pensei que sim. Porque, usando as habilidades que o meu macaco de estimação havia me ensinado, fui descendo o penhasco de galho em galho, até chegar ao chão ileso. Lá embaixo, um dos bandidos já ria com o malote cheio de dinheiro. Não esperava, no entanto, que eu e meu macaco fôssemos surpreendê-lo com a mão na massa. Mas confiscamos a mala cheia de dólares e saímos rindo – o meu macaco, claro, fazendo macacada. E imaginei que toda aquela grana daria para comprar muitas bananas. Algumas, claro, de dinamite.

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    # by Paulinha Felix - 4:05 PM

    "Porque, usando as habilidades que o meu macaco de estimação havia me ensinado, fui descendo o penhasco de galho em galho, até chegar ao chão ileso".

    Rir até minha barriga doer com essa parte! Adoro seus sonhos!

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    # by Débora Guedes - 4:42 PM

    Até para sonhar você tem estilo! Ladrão no Velho Oeste, com direito a trem pagador, maleta de dólares e um macaco "sabido" como se diz aqui no Nordeste. Clint Eastwood que se prepare! Quando li seu sonho, lembrei da embolada de Caju e Castanha, "Ladrão besta e ladrão sabido". Ao imaginar toda sua produção cinematográfica, me pus a cantar a estrofe:
    "Você o ladrão besta se acorda de manhãzinha
    Entra no quintal alheio vai roubar uma galinha
    Recebe um tiro de doze bem pela porta da cozinha"

    Risos....

    Você é ímpar! Da próxima vez que sonhares, troca a época e ao invés da maleta com dólares, coloca uma com euros! (brincadeirinha)

    Beijinhos.

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    # by Márcia - 10:16 PM

    Ladrão do Velho Oeste heim? Até onde posdeste sonhar!? Entre roubos, tiros, macacos, ladrões, dólares e muito mais,tenho só uma curiosidade: quando acordastes deste sonho, estavas sob ou sobre a cama? Ou escalando as paredes do quarto? [rsrs brincadeirinha]
    Adorei o post. ou seria o sonho? rsrs Abraço!!