Conduzindo Drummond
– Trouxe as poesias?
– Trouxe.
– De Carlos Drummond?
– De Carlos Drummond.
– Me deixa ver?
– Estão no banco de trás.
Examinou os papéis com olhar crítico:
– Gostei de Quadrilha.
– É?
– Sim, sim.
– Por quê?
– Porque na minha turma tem o João e a Teresa. E ela vai ficar brava quando eu ler.
E foi recitando a caminho da escola:
“João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história”.
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história”.
– Obrigado, pai!
– Pelo quê?
– Pelas poesias.
– Obrigado, filha.
– Pelo quê?
– Por ter recitado para mim.
– Ah, valeu!
E naquele momento, eu achei que todo veículo deveria vir com poesia como item de série.
This entry was posted on 23 de agosto de 2010 at 8:14 PM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
# by Márcia - 8:00 AM
Ops! fazia um tempinho que não "abria a porta" deste blog para leitura, hoje [bateu saudade das emoções] aqui estou. Deparei-me com a reprodução de um afetuoso diálogo, emocionantemente BELO. PARABÉNS!
# by Débora Guedes - 9:30 AM
Concordo que todo veículo deveria vir com poesia como item de série. Porém, para pessoas especiais, veículos especiais. O seu, além da poesia, veio com uma poetISA junto para recitar docemente as palavras de Drumond.
# by Jan Ribeiro - 9:50 AM
Isa parece ser a criança mais fofa do mundo! Poesia devia estar em todo lugar! =D
# by O que é a Arsmac? - 11:53 PM
Somente a poesia tira o coração da inércia.
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