Bendito

“São José também cantou
Neste dia de alegria...”

 Felicidade é achar uma roupa da sua filha com seu cheiro. É um perfume especial que fica no travesseiro. É passar o dia bem, sem lembrar-se de dinheiro. Felicidade é saber que todo mal é passageiro. Que o feitiço sempre vira contra o feiticeiro. Felicidade é uma banda de pífano tocando bendito. É se lembrar de tudo de bom que já foi dito. Que um abraço sempre deixa o dia mais bonito. Felicidade é contar estrelas no infinito. É achar uma carta na caixa do correio. Ou receber mensagem bonita via e-mail. Felicidade é se pegar em meio a devaneio. É dividir um chocolate meio a meio. É repartir um doce de olho no recheio. Felicidade é uma hora de recreio. Felicidade é copo d’água em plena sede. É ler Garcia Márquez numa rede. É um retrato da família na parede. É beber água de coco em vez de Gatorade. Felicidade é o velho disco na vitrola. É uma vontade que não se controla. Felicidade é correr atrás de uma bola. É pular numa cama de mola. Felicidade é aniversário de criança. É convidar a quem se ama para a dança. É ter um amigo como o Sancho Pança. Para aceitar seus quixotescos sonhos de infância. Felicidade é o direito de ir e vir. É poder, tranquilo, deitar e dormir. Felicidade é como Isadora, começa com I. Ah, felicidade? É morrer de rir.