Prosa de Cinéfilo

Sabe os pequenos prazeres da vida? Aqueles em que um grande amigo que você não via há algum tempo lhe telefona, por exemplo? Sabe quando esses pequenos prazeres vão ficando grandes? Quando o amigo que você não via há algum tempo lhe telefona para lhe dar uma notícia boa? Pois é, aconteceu. Elinaldo Barros, amigo e mestre, me ligou ontem para dizer que, folheando a revista Língua Portuguesa deste mês, encontrou uma matéria sobre livros que falam de cinema. E lá pelas tantas, se deparou com O Pianista do Silencioso. A edição especial – intitulada Cinema & Linguagem – ainda pode ser encontrada nas bancas de todo o País. Traz como tema principal “A Palavra na Imagem – como a relação entre a linguagem verbal e a cinematográfica afeta a maneira de narrar uma história”. A seguir, trechos da matéria Prosa de Cinéfilo, assinada por Braulio Tavares:

“A sala de projeção, o facho de luz na tela, a vida e os sonhos de diretores, atores e roteiristas: poucas coisas são tão inspiradoras quanto o cinema e as aventuras de quem vive dele. Conheça alguns livros que celebraram esse universo mágico”.

“Há muitos filmes sobre escritores e poetas, principalmente os de caráter biográfico, contando a vida de literatos famosos. Mais raros, talvez, são as obras que fazem o caminho inverso: livros descrevendo a vida, o trabalho e as aventuras de quem vive diretamente ligado ao universo do cinema: diretores, atores, roteiristas, espectadores, projecionistas...”.

“Ninguém sabe celebrar e ritualizar tanto a sua fantasia quanto os cinéfilos, e a literatura tem servido para a consolidação desse mito. Uma literatura que, talvez inevitavelmente, acaba sendo filmada e levada para a tela que lhe serviu de inspiração inicial”.

“O cinema industrial dos grandes estúdios de Hollywood foi recriado por inúmeros escritores, e impiedosamente criticado, em livros como O Dia do Gafanhoto (1939) de Nathanael West, O Último Magnata (1941) de F. Scott Fitzgerald, O Jogador (1988) de Michael Tolkin, O que Faz Sammy Correr (1941) e Os Desencantados (1950) de Budd Schulberg, Hollywood (1989) de Charles Bukowski, Sonhos de Bunker Hill (1982) de John Fante”.

“Em O Pianista do Silencioso (2006), Carlos Nealdo dos Santos leva o ator Al Jolson ao interior de Pernambuco, e faz o contraponto entre o cinema mudo norte-americano e a vida brasileira entre os anos 1917-1934”.