O Sorriso da Isa
Os
dias mais felizes da minha vida são os dias de sábado. Não é porque eu não
trabalho. Não é porque eu posso dormir até tarde. Não é porque é dia de
preguiça. Não. Os dias mais felizes da minha vida são os sábados em que vou buscar
a minha filha para passar o fim de semana comigo. Nesses dias esqueço que chego
do jornal às 2 horas da manhã, fechando a edição de domingo, e que descansar seria
um pedido incondicional do corpo. Porém, estar com a Isa é um pedido
incondicional da alma, e o corpo entende. Porque não há cansaço que não vá
embora depois de se aninhar nos braços da minha filha. E porque um sorriso dela
é suficiente para irradiar brilho em dias turvos. Como na música Molly Smiles,
que ainda hoje – passados tantos anos depois de ter visto o filme com ela – eu canto,
caprichosamente trocando “Molly” por “Isa”. “When the days
have gone grey/ Nothing’s wrong when Isa smiles”. Inevitável dizer que a hora mais triste é
a da partida, quando tenho que deixá-la. Nesse momento, volto para casa
colhendo lembranças dela pelo caminho, rememorando as histórias dos dias em que
passamos juntos – uma espécie de conforto para os dias de ausência. Tudo isso
se junta aos objetos que ela acaba esquecendo pela casa. (Não sei se já falei, mas moro
numa casa minúscula, mas suficientemente grande para abrigar todas as vidas que
a minha filha deixa espalhadas quando vai embora). E durante a semana, além dos
telefonemas constantes, vou catando pedacinhos de Isa em bancas de jornal,
comprando as revistas e livros que ela gosta. Então me lembro do sorriso que
ela me lança quando ganha algo. E meu dia se ilumina. Porque nada está errado
quando a Isa sorri.
This entry was posted on 19 de setembro de 2012 at 11:42 AM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
# by Waleska R. Carneiro - 12:31 PM
Eu, realmente, estou emocionada. L´grimas nos olhos. Um dos melhores textos que jé li aqui, no "Tapa de Humor". Sempre me surpreendo com você.
# by Débora Guedes - 12:33 PM
Vi meu pai hoje e conversamos. Ele chorava, como uma criatura sem defesa e eu ouvia, impotente, sem poder fazer nada além de ouvi-lo. Apenas pude dizer: "Quer vir morar comigo? Deixe essa mulher horrorosa e venha para minha casa". Aí, quando abro o face, vejo sua postagem e curiosa, vou ler sabendo antecipadamente, que iria me emocionar. É redundante dizer que me emocionei?
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