Movimento dos excluídos
Muito tem se falado em inclusão digital. De tão corrente, o tema virou até pauta de reuniões do presidente Luiz Inácio da Silva, ele próprio um excluído. Sou meio avesso ao assunto, do qual pouco domino – a não ser pelo fato de ter incluído a minha digital na Carteira de Identidade, mas isso era da época em que tudo era manual...
O que me impressiona de fato é como a tal inclusão digital tem nos excluído cada vez mais de nós mesmos, do contato humano. Hoje tudo se resolve com um simples clique, inclusive discussões familiares. Não estranharei se num futuro não muito distante, em vez do tradicional “precisamos discutir a relação”, ouvirmos algo do tipo “nosso relacionamento deu pau”.
Espanta-me o fato de ter gente que prefira o relacionamento virtual ao real – aquele de carne, osso e silicone. Não tenho dúvidas de que, por esses dias, em vez de recorrer ao uso da camisinha, veremos casais se protegerem com o Norton Antirívus.
Faço de tudo para não me assustar com os avanços da tecnologia, mas não tem jeito. Já estou me preparando para me deparar com amigos de braços dados com um computador, passeando na maior tranqüilidade. “Esta é minha companheira”, dirão eles. E ainda cochicharão ao meu ouvido, orgulhosos: “Ela é uma máquina!”.
Não falta muito acontecer isso. Tenho amigos que fazem tudo com um computador, inclusive usá-lo como instrumento de trabalho, quando sobra tempo.
O ruim de tudo isso é que aquele bate-papo de mesa de bar está com os dias contados, porque os jovens já não querem saber de discutir futebol tomando cerveja num boteco de quinta categoria, torcendo por time de última.
Culpa de quem? Da inclusão digital, que tem nos adolescentes a sua maior conquista. Sim, porque até que se prove o contrário, informática e juventude são o arroz com feijão da modernidade. Quer uma prova? Tente conversar com um adolescente e você saberá do que falo. O difícil vai ser você saber do que fala ele.
Hoje em dia qualquer jovem faz gato e sapato com o mouse, como diriam os antigos.
Aliás, aos antigos resta apenas relembrar com nostalgia dos tempos idos. Isso se a sua memória RAM for boa...
This entry was posted on 19 de julho de 2005 at 8:49 AM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
Postar um comentário