A Felicidade Não se Compra
Outro dia li uma frase numa dessas revistas femininas que me deixou pensativo por horas. Estava lá, num anúncio disposto a vender tudo: a felicidade chega sem avisar. Aconteceu algum tempo depois de eu rever “A Felicidade Não se Compra”, de Frank Capra. Por isso um me remeteu ao outro. Já que a felicidade é invendível, como é que a publicidade lança mão dela para vender produtos? Pelo menos no filme, o personagem de James Stewart, que está preste a cometer suicídio, recebe a visita de seu anjo da guarda que lhe mostra o que seria da localidade se ele nunca tivesse existido. Quanto ao anúncio não sei bem do que se tratava. Primeiro porque estava numa revista velha, como todas as revistas de consultório, como se os pacientes não se interessassem por coisas novas. Segundo porque a frase fez questão de ficar martelando na mente, e de repente me imaginei recebendo a visita da tal, toda senhora de si, de mala e cuia, insistindo em tocar a campainha. “Quem é você?”, diria. E ela, esnobe, me responderia de chofre: “Ora, não está me reconhecendo? Sou a felicidade, que veio te visitar”. E imediatamente entraria. Mas de repente me dei conta que a felicidade poderia já ter me visitado (não, não poderia ter sido o açougueiro querendo receber os atrasados. Também não foi o cara que cortou a água. Felicidade sem energia elétrica? Não, o técnico da companhia de luz não tinha cara nenhuma de felicidade...). A felicidade me persegue (ainda não me alcançou, mas tenho andado tão devagar que por esses dias ela é capaz passar na minha frente em disparada). Enquanto não me alcança, continua dando pistas de seu paradeiro. Ligo o rádio e está lá, a todo o volume, Essa Tal Felicidade, do xará da companhia telefônica – o Tim Maia. Se vou ler algo, duvido que não passe a vista pelos versos do Vinícius. E duvido também que não concorde com ele. A felicidade do pobre parece a grande ilusão do carnaval. Ainda bem que a folia está aí, e acontece pelo menos uma vez por ano. Minto. Com os carnavais fora de época que acontecem praticamente o ano inteiro, pode ser que a felicidade demore mais tempo...
This entry was posted on 16 de fevereiro de 2006 at 8:42 PM. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.
# by Anônimo - 8:15 PM
Não vi o anúncio nem assistí ao filme, mas aproveito para ampliar essa reflexão: Segundo Jesus, se o homem soubesse o que pode fazer com o poder que dorme na sua alma, seria feliz só com isso. "O que buscas não se encontra muito longe porque reside dentro de ti", afirma o Cristo.
# by Carlos Nealdo - 2:25 PM
Concordo com você e com as palavras sábias do Mestre. Infelizmente, o homem não conhece a si mesmo nem tão pouco a sua alma...
Obrigado pela visita. Volte sempre.
# by Anônimo - 5:25 PM
Meu caro, a felicidade mora ao lado.
# by Carlos Nealdo - 5:42 PM
Caro anônimo (permita-me chamá-lo assim, já que não me deu a honra de conhecê-lo), bom saber que a sua felicidade mora ao lado. No meu caso, se isso for verdade, estou ferrado, já que tenho por vizinho alminhas de um Centro Espírita... Será que a minha felicidade é de morte? Macabro...
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