A Cura de Todos os Males


Teria dado no The New York Times se a notícia não fosse tão nossa, mas embora seja um furo – sem duplo sentido – de reportagem, ficou somente por estas bandas. Se não atravessou as fronteiras, pelo menos infestou tudo quanto foi periódico brazuca –de diários a semanários.

O fato é que o Viagra foi o remédio mais consumido pelo brasileiro em 2005. Foram 700 mil comprimidos por mês, o que representa pelo menos, mas pelo menos mesmo, 700 mil relações em 30 dias.

O duro –sem duplo sentido– é que em terceiro lugar aparece o Cialis, o concorrente direto da pílula azul, o que leva a concluir que, em se tratando de impotência, o Brasil é uma grande potência. Senão vejamos: juntos, os dois medicamentos contra a disfunção sexual representam 36% de todos os remédios vendidos no país (1,18 milhão de comprimidos comercializados todos os meses).

O Brasil é o terceiro do mundo em consumo de medicamento contra a disfunção sexual. É mole? Pelo contrário. É duro. Duríssimo. Entre o Viagra e o Cialis, o analgésico Dorflex aparece em segundo lugar em vendas. Mas convenhamos: é um páreo duro –sem duplo sentido.

Não entendi bem a posição –sem duplo sentido– do Dorflex nessa história toda. Mas há quem diga que alguns compradores de Viagra e Cialis já levam o analgésico pensando na velha desculpa do “hoje não, estou com dor de cabeça”.

E se fizermos uma análise da conjuntura nacional pelo desempenho –não falo de desempenho sexual, se bem que uma coisa tem muito a ver com a outra– dos medicamentos vendidos, chegamos a conclusão de que quando não está se divertindo, grande parte dos brasileiros está ferrada, para não usar uma palavra impublicável.

A diferença é que, nessa história toda, há sempre alguém que está por cima –desta vez sim, com duplo sentido.