Estrada Para a Perdição
Não sou muito de andar perdendo objetos. Também não tenho muitos objetos para perder. Mas quando isso acontece, sempre ganho uma dor de cabeça. A última perda –as chaves do carro e de casa– aconteceu esta semana, na pior hora do dia, quando precisava levar minha filha ao colégio, participar de uma reunião e ainda tentar almoçar (essa última parte eu até já havia dispensado).
Engraçado é como a gente sempre começa procurando pelos lugares mais óbvios. E óbvio, nunca vai achar. O pior é que o objeto sempre vai estar no lugar que você nunca procura (claro, senão não estaria perdido).
O cúmulo mesmo foi me mandarem apelar para São Longuinho. Falavam coisas envolvendo três pulinhos ou algo desse tipo. Desconfio de santos com nomes quase sem compostura, que não impõem respeito. E não estou blasfemando (atenção, fanáticos: não queiram pagar cem quilos de ouro pela minha vida. Ela não vale tanto).
Enquanto isso, minha filha a todo instante me ligando:
Engraçado é como a gente sempre começa procurando pelos lugares mais óbvios. E óbvio, nunca vai achar. O pior é que o objeto sempre vai estar no lugar que você nunca procura (claro, senão não estaria perdido).
O cúmulo mesmo foi me mandarem apelar para São Longuinho. Falavam coisas envolvendo três pulinhos ou algo desse tipo. Desconfio de santos com nomes quase sem compostura, que não impõem respeito. E não estou blasfemando (atenção, fanáticos: não queiram pagar cem quilos de ouro pela minha vida. Ela não vale tanto).
Enquanto isso, minha filha a todo instante me ligando:
- Pai, você está demorando...
E eu perdido. Quer dizer, eu não. As chaves.
-Que caminho longo!
E eu tentando dizer que longo era o santo. Longo não, Longuinho, para os íntimos. Coisa que eu não era, dada a dificuldade de achar o que procurava.
E eis que, em vez de procurar as benditas chaves, fui procurar saber quem era o tal Longuinho. Todos sabem que a curiosidade é a chave para o conhecimento. E chave era o que eu mais precisava. No fundo, desconfiava que se tratava de um Santo do Pau Oco.
Na verdade, havia pau na história, mas não era tão oco assim. Segundo historiadores, o nome do santo deriva de Longinus, o soldado que teria enfiado uma lança (eis o pau) no tórax de Jesus, fazendo brotar sangue e água. Arrependido, tornou-se cristão, chegando a ser monge da primeira igreja da Capadócia.
Se é verdade ou não, o fato é que há lugares no Brasil, como o município de Guararema, no interior de São Paulo, onde o santo é venerado com direito a imagem e tudo. Descobri até que o dia 16 de março –daqui a alguns dias, vejam só! – é dedicado totalmente ao santo. Portanto, quem for fiel pode correr pras bandas de Guararema.
Ah, se você não achar a cidade no mapa, faça um pedido pra São Longuinho. Dizem que é tiro e queda.
E eu perdido. Quer dizer, eu não. As chaves.
-Que caminho longo!
E eu tentando dizer que longo era o santo. Longo não, Longuinho, para os íntimos. Coisa que eu não era, dada a dificuldade de achar o que procurava.
E eis que, em vez de procurar as benditas chaves, fui procurar saber quem era o tal Longuinho. Todos sabem que a curiosidade é a chave para o conhecimento. E chave era o que eu mais precisava. No fundo, desconfiava que se tratava de um Santo do Pau Oco.
Na verdade, havia pau na história, mas não era tão oco assim. Segundo historiadores, o nome do santo deriva de Longinus, o soldado que teria enfiado uma lança (eis o pau) no tórax de Jesus, fazendo brotar sangue e água. Arrependido, tornou-se cristão, chegando a ser monge da primeira igreja da Capadócia.
Se é verdade ou não, o fato é que há lugares no Brasil, como o município de Guararema, no interior de São Paulo, onde o santo é venerado com direito a imagem e tudo. Descobri até que o dia 16 de março –daqui a alguns dias, vejam só! – é dedicado totalmente ao santo. Portanto, quem for fiel pode correr pras bandas de Guararema.
Ah, se você não achar a cidade no mapa, faça um pedido pra São Longuinho. Dizem que é tiro e queda.
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