O enterro de Plutão

Plutão deixou de ser planeta. Ou, como diria a filhinha da minha vizinha: “Putão dessô di sê Paneta”. A notícia, dada por um amigo que vive no mundo da lua, caiu feito um meteoro, deixando uma enorme cratera no meu parco conhecimento científico obtido – a muito custo – nos bancos escolares. Assim como eu, um amigo também ficou abalado. Disse que quando ouviu a história pela primeira vez lhe faltou terra sob os pés. Foi ao chão, bateu com a cabeça no meio-fio e, depois de ver um monte de estrelinhas, sentiu um buraco na cabeça. Desejou que fosse um buraco negro. Mas quando viu o sangramento, percebeu que a situação estava preta. Na falta de um bom plano de saúde, tentou se curar com Mercurocromo. Não se recorda o que aconteceu depois. Lembra-se apenas que chegou à farmácia pedindo Merthiolate. E ficou indignado quando soube que ambos os medicamentos estavam fora de circulação porque continham Mercúrio. Achou que o mundo estivesse contra os planetas. E não se contentou com a explicação do farmacêutico de que o mercúrio em questão não era um planeta, mas um metal pesado. Insistiu com o homem, afirmando que metal pesado era estilo musical. Ficou contrariado quando soube que essa categoria musical era tocada por outros tipos de astros que já estavam praticamente esquecidos pela Billboard. Contrariado, pagou a contragosto um medicamento e foi-se embora. Antes, reclamou do preço astronômico do remédio. Como consolo, foi examinado pelo farmacêutico para saber se estava tudo no lugar. Aproveitou para saber quantas costelas são. Recebeu o troco em camisinhas. De Vênus. Foi recebido com briga em casa. A mulher achou que seu acidente se devia ao grau etílico elevado. Para não provocar um Big-Bang, foi direto pro sofá, onde se contentou com a leitura do jornal. Em vez das notícias ruins, preferiu passar a vista no horóscopo. E viu que o problema de tudo estava ali. Na quinta casa, seu signo estava sendo regido por Plutão, planeta associado à complexidade e às situações decisivas na vida. Decidiu, no entanto, que como havia sido rebaixado à categoria de planeta-anão, o astro não exerceria mais uma grande influência sobre sua vida. E foi dormir puto.

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    # by Anônimo - 11:22 AM

    Neo pow kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk tem nem condição de eu escrever crônicas. Queria ter esse seu talento de juntar tantas coisinhas e fazer esse texto fantástico. Parabéns, te admiro muitão. Não morro antes de escrever ao menos uma e dedicada a você. Beijoooooooooooooooo

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    # by Anônimo - 1:33 PM

    Ao escrever um texto sobre Mercúrio caí nessa tua pérola.
    Bem concatenado, e com um arremate final bem feito.
    Gostei!

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    # by tapete vermelho - 12:56 PM

    ahahah!! gostei imenso!! fartei-me de rir no teu blogue!muito bom!!um dia o mesmo irá me acontecer, ja que tambem tenho esse astro-anao na 5ªcasa, mas com o teu texto vou mais preparada! kkkkkkkk obrigada!