História cabeluda

Preciso me disciplinar para fazer as minhas refeições com critério. Minto. Preciso me disciplinar para, pelo menos, fazer as minhas refeições. Morar só tem seus inconvenientes e cozinhar para um é uma ideia que me desagrada. Hoje meu café da manhã se resumiu a um pastel com um suco de maracujá, comprado de um ambulante que vendia a trabalhadores de uma construção civil em frente ao meu trabalho. O suco não tinha gosto de maracujá – mas o vendedor me garantiu que era e eu acreditei. Meu estômago nem reclamou. Deve ter acreditado também, o infeliz. E a julgar pelo cabelo que encontrei no pastel, desconfiei da origem do bacalhau. “Por um real você queria o quê?”, questionou um dos pedreiros. “Que o cozinheiro fosse pelo menos careca”, respondi, laconicamente. “Meu medo é passar mal”, ainda tentei argumentar. “Se passar mal, troque de ferro. Garanto que a sua roupa vai agradecer”, rebateu um servente da obra. Engoli em seco. Não. Engoli o suco. E abandonei o “peludo”.

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    # by Débora Guedes - 12:42 PM

    Ai, ai, ai...

    A odisséia de morar sozinho...
    Vivo este drama(?), comédia(?), misturada com grandes suspenses e surpresas...
    Risos...
    Um belo dia, a gente descobre que a roupa não é descartável, que a comida não brota na panela, que pratos precisam ser lavados e que a fada madrinha não vai chgar com a varinha de condão para deixar a casa em ordem. Triste o fim dos solteiros... Solteiros sem empregada, claro!

    Bem, quanto as surpresas...
    É uma barata louca correndo pela casa e você, no caso, eu, correndo dela, digo, atrás dela para dar-lhe uma chinelada. As vezes uma rã! É, no interior as rãs andam soltas, e quando ainda me deparo aquela catenguinha (para os moradores da capital, lagartixa) na parede importunando sua vida, digo, a minha vida.

    Comer na rua, já virou rotina. E como estudante da área da saúde, já sei que o meu destino, é um infarto, ou no mínimo, uma hipertensão associada a diabetes. (lembrando que com esse prognóstico, não sou enorme de gorda. Só para constar). Com um salário limitado e ainda sendo estudante, não dá para almoçar num restaurante sempre. Por isso, pastel com suco de maracujá e sabor de maracujá, diga-se de passagem, vai bem. Claro, que dispenso o fio de cabelo do paletó (?)do cozinheiro.

    Risos...

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    # by Carlos Nealdo - 2:15 PM

    Pois é, Débora, morar sozinho é a Arte de Comer o Pão que o Diabo Amassou. Pão dormido e – no meu caso – insone. Mas tem suas vantagens também. Eu ainda não descobri, é verdade, mas quando descobri, lhe falo.

    Obrigado pela visita.
    Seja bem vinda. Sempre.