Por falar neles*


“A História em O Pianista do Silencioso não está diretamente ligada na estruturação das personagens, como os protagonistas Dago e Biana, que vivem um ‘amor de cinema’ no interior de Pernambuco, nem do pescador que virou dono de restaurante após uma decepção amorosa, Saruaba, muito menos do travesso Xié. Até as personagens recortadas de figuras reais, caso de Al Jolson e de Lampião, que na obra são personagens ficcionais, ‘de papel’, têm certa independência no que diz respeito ao elo com a realidade, salvo em relação às suas histórias de vida, que são retratadas com fiel precisão.
A importância dos eventos históricos está ligada, principalmente, ao enredo e ao tempo da narrativa. Para contar a trágica história de Dago e Biana, que é emoldurada pela história da sétima arte, o autor da obra dá voz a um narrador observador que relata os acontecimentos ficcionais, permeando fatos àquilo que é narrado, algo como uma costura com linha invisível. A Primeira Guerra Mundial, por exemplo, é uma ponte para que o Brasil seja visitado – mesmo que acidentalmente – pelo protagonista do primeiro filme falado do cinema, Al Jolson”.

*”O reverso da história: ficção e realidade em O pianista do silencioso”. Projeto de Maria Cícera dos Santos e Paula Vieira Felix da Silva para a Universidade Cidade de São Paulo (Unicid)/Academia Alagoana de Letras (AAL).