Carta a um jovem publicitário *


Neste sábado, dia quatro de dezembro, é Dia Mundial da Propaganda. Estão de parabéns todos os publicitários, em especial os alagoanos, que vão comemorar a data com muita festa. Eu sinto orgulho por freqüentar uma classe profissional que é invejada pelas outras por trabalhar com a criatividade. E, de quebra, participar de festas legais. Tão legais que, antes, a disputa pelos convites ficava relegada aos não-publicitários. E por ser assim, era interessante ver um advogado, por exemplo, querendo convite para ver uma festa de publicidade. Hoje, a disputa – especialmente para uma dessas festas – se dá entre os próprios profissionais de classe, simplesmente porque a organização não sabe – ou não tem interesse em saber – quantos profissionais trabalham em cada agência. Fico triste ao ver o colega de trabalho torcendo para que outros desistam de ir à festa, para que sobrem mais convites e se comece a disputa interna para o “troféu” (talvez hoje mais disputado do que os prêmios que dão sentido à festa). Bando de guerreiros selvagens? Espírito competitivo? Duvido.  A desculpa de que nem todo mundo de uma agência é publicitário é, antes de tudo, preconceituosa. Como medir a importância de cada profissional em uma área criativa? O responsável pelo texto de uma peça é mais importante do que o motoboy que enfrenta o perigo do trânsito para levar a fita até a TV, correndo o risco de sofrer um acidente no meio do caminho? O diretor de criação está acima do diretor de mídia, que escolhe com muito cuidado a melhor maneira de veicular aquela campanha pensada com tanta paixão? Os sócios seriam o que são se não fosse a copeira que chega com cafezinho no momento crucial do brainstorming, em que o gole da bebida serve para colocar as ideias em ordem?Agência de publicidade não é feita por uma pessoa apenas. Ambiente criativo é formado por uma série de peças de vários formatos e tamanhos que, juntas, ajudam a funcionar a engrenagem. Não falo nem da indelicadeza de os convites trazerem explicitamente a informação de que são individuais (aí cada um vai ter que se explicar com seu companheiro ou companheira, que certamente não entenderá porque o profissional tem que ir só para a festa). Infelizmente, da forma como foram distribuídos os raros convites, criou-se inconscientemente, no ambiente de trabalho, uma hierarquia festiva, em que um tem mais direito do que outros de ir à comemoração. Uma pena, porque a melhor coisa de um evento como este, é ver uma secretaria que deu sua parcela de contribuição ao transferir aquele telefonema urgente do cliente para o diretor de mídia, abraçar o diretor de criação na comemoração pelo prêmio conquistado – todos igualados pela alegria da vitória. Como deve ser na vida real. Afinal, somos todos guerreiros. E ser guerreiro, sim, é bom para A moral. 

*Este texto é de inteira responsabilidade do seu autor, e não representa necessariamente a opinião da agência em que ele trabalha.
 

  1. gravatar

    # by Pedro Miranda - 7:05 PM

    Muito bem, Nealdo, muito bem.

    Você expressou tudo que exatamente como eu acho também.

    Para quê toda exclusão do pessoal para a festa? Festa tem que ser para todos, inclusive familiares, esposas, namoradas.

    Muito triste essa picaretagem toda de ficarem regulando os convites.

  2. gravatar

    # by Anônimo - 7:59 AM

    PICARETA SÃO OUTRAS EMPRESAS...AQUELAS QUE NÃO SÃO PROFISSIONAIS, NÃO PAGAM IMPOSTOS E FAZEM FESTAS QUE OS CONVITES NÃO VALEM NADA. VOCÊ TEM TODO DIREITO EM EXPRESSAR SUA OPINIÃO, CONCORDO EM ALGUNS PONTOS. MAS ISTO SE TRATA DE UM EVENTO CORPORATIVO E TEM POSICIONAMENTO. O MUNDO DOS NEGÓCIOS É ASSIM, EXISTE INTERESSES POR TRAS DE TUDO. QUEM SABE UM DIA QUE TODAS AS AGÊNCIAS COLOCAREM A MAIOR VERBA DO MERCADO NA PAJUÇARA NÃO TENHA DÚVIDAS QUE AS FESTAS SERÃO PROPORCIONAIS A TUDO ISSO. ELA FAZ MUITO BEM, E FAZ O QUE PODE. COM HONESTIDADE, ÉTICA, RESPEITO, TRANSPARÊNCIA E PRINCIPALMENTE PAGANDO TODOS SEUS IMPOSTOS...A INICIATIVA, PIONEIRA, ESTÁ DE BOM TAMANHO.

  3. gravatar

    # by Carlos Nealdo - 3:30 PM

    Caro anônimo (infelizmente é desta forma que tenho que me referir a você, já que não se identificou), em nenhum momento do meu texto eu tratei empresa A ou B como picareta. Portanto, a carapuça, digo, a definição é sua. Como defende tanto à Pajuçara (e também em nenhum momento eu citei nomes, o que faz com que a carapuça, ops, digo, a citação, fique sob sua responsabilidade), quero crer que você tenha motivos suficientes para defender a empresa citada. Está certo. Ou certa. Quanto ao mundo dos negócios ser assim, “ter interesse por trás de tudo” (agora entendo porque chamaram a Rita Cadillac, o interesse estava atrás), gostaria de saber em que faculdade você estudou, para achar que é ético passar por cima de algumas pessoas das agências de publicidade porque “simplesmente” não são interessantes para o seu mundo corporativo. Pense nisso. Melhor, pense não, porque pode feder.
    Atenciosamente,
    Carlos Nealdo (que não se envergonha em esconder o nome)

  4. gravatar

    # by Anônimo - 3:09 AM

    Caro Nealdo, realmente me enganei nos meus comentários. Acabei misturando tudo. Acho que foi a cachaça de ontem. Foi só um desabafo. O mundo dos negócios é podre mesmo. Não aprovo, mas não desaprovo, cada um sabe o que faz/fala. Abraço!

  5. gravatar

    # by Anônimo - 3:18 AM

    Ah, outra coisa, quem deve ter interesse em valorizar telefonista, boy, faxineira, porteiro é a própria agência ou até mesmo o cliente. Sei que eles são importantes, não sou tão ignorante! Sei que tem agência que massacra estas pessoas, sei muito bem. Quem tem que fazer confraternização para motivar estas pessoas são as agências. Não estou dizendo que você está errado, vc está certo no que vc acredita. Outra coisa, Parabéns pelos textos!!

  6. gravatar

    # by Anônimo - 3:23 AM

    Bem, acho q estamos esquecendo q a principal coisa é premiar, é o reconhecimento. A festa é uma consequencia. Tb acho muito chato não conseguir q tds sejam convidados, mas não podemos esquecer que o advogado é um cliente (inclusive premiado esse ano junto com a agencia). Ele não merece ta ao lado da agencia? Afinal ele é o "motivo" da criatividade premiada. Algum motivo deve existir para que tenha uma limitação de convites ou interesse...Mas devemos lembrar que o Midia tem uma comemoração so para ele e varios outros mimos. Pq não podem eles uma vez no ano da a vez para os profissionais do dept de criação? Ah sabemos do ego do dono de empresas, ja pensou se não chegasse convite em nome deles? ...
    Bem essa questão da muito pano para manga.

  7. gravatar

    # by Débora Guedes - 10:10 AM

    Estou com uma dúvida...

    Não sei se eu aplauda seu post, ou o tapa com luvas de pelica que destes no anônimo.
    kkkkkkk

    Beijocas!

  8. gravatar

    # by Débora Guedes - 11:30 AM

    Ah, o mundo das vaidades...

    Muito difícil viver nele. É o ego inflado, o orgulho que se fere (quando o convite não chega no nome de A ou B)o boy que para alguns é apenas um entregador e não um colaborador, uma peça da engrenagem chamada empresa.
    E mesmo respeitando a opinião do amigo Anônimo, creio que o sonho da igualdade entre pessoas, começa nas pequenas coisas, inclusive convidado para festas de premiação, os anônimos funcionários das agências, que não brilham nas peças publicitárias como diretores de criação ou redatores, mas fazem a maior diferença na rotina da empresa.
    E se a festa é para premiar o processo criativo, que eles sejam premiados pela criatividade em aguentar alguns chefes tiranos com sorriso no rosto e solicitude no trabalho.
    A criatividade do brasileiro, ou melhor, do Alagoano, consiste em ser guerreiro na labuta do dia-a-dia.

    Beijocas!!!!