Depois não diga que não avisei

A casa era em Bebedouro, pequena, isolada. Julião Tavares chegava alta noite, entrava, demorava-se duas horas. Afastava-me, para não despertar suspeitas, mas à saída andava por ali e distinguia um vulto que tinha a gola do paletó erguida e evitava os pontos iluminados. Havia raros transeuntes, e a ligação durou pouco, não chegou a dar nas vistas”.
(Graciliano Ramos, in: Angústia)



Acontece assim: para comemorar os 75 anos da primeira edição de Angústia, a editora Record resolveu realizar um simpósio em quatro capitais brasileiras, sobre a obra de Graciliano Ramos, que ganhou uma edição esmerada – que eu já providenciei e há de chegar em breve – e imperdível. A série de debates teve início na terça-feira 20, na Universidade de São Paulo (USP), com as presenças da neta do Mestre – Elisabeth Ramos – e Wander de Melo Miranda, entre outros. Aí você se pergunta: por que um evento dessa natureza não acontece em Maceió? Pois é. Antes que você pense que Alagoas poderia ser inundada para dar lugar a um grande golfo entre Sergipe e Pernambuco – como sugeriu o autor de Caetés – saiba que Maceió foi uma das quatros cidades escolhidas pela editora para discutir o romance protagonizado por Luís da Silva. Por aqui, desembarcam estudiosos – o Estado estará (bem) representado pela professora Belmira Magalhães – para falar do romance lançado há sete décadas e meia. O encontro – atenção! – está marcado para o dia 6 de outubro, não vá esquecer. Mas se você não tiver paciência de esperar, nesta quinta-feira 22, os estudiosos estarão na capital federal e, dois dias antes de Maceió, em Salvador. Depois não diga que eu não avisei.