"Os Cavaleiros de Outono”

– Sempre que estou triste, vejo o mundo através das recepções dos hotéis – ele disse para o homem sentando com o jornal aberto e os pensamentos fechados na leitura matutina. – Você já reparou que ninguém entra num hotel consternado? –, continuou, olhando, através das vidraças, a linha do horizonte que costurava o azul celeste e o verde do mar.
– Nem sai de um igualmente triste – respondeu o outro, o olhar preso na página policial.
– A felicidade mora na recepção dos hotéis, e examina o mundo com ares de turista, sentada numa poltrona, como estamos nós agora. A felicidade não sobe pros quartos, onde há espaço pro cansaço. Ela prefere observar as pessoas entrando e saindo com malas, como se trouxessem, em cada uma delas, mudas de roupas floridas, a falar da alegria de seus donos...